Yvirá Cátedra UNESCO de Educação e Diversidade Cultural UNESCO
JULHO/AGOSTO 2025 | nº2
Intervalo RESENHAS DE LIVROS, SÉRIES, FILMES

O Poder de Tornar o Pensamento Visível

Julia Pinheiro Andrade
Doutoranda em Psicologia da Educação, fundadora da Ativa Educação
Faculdade de Educação, USP

A premissa central da publicação é simples, mas poderosa: aprender é resultado do pensamento, não o contrário.

Nas salas de aula que constroem essa cultura visível de pensamento coletivo, fortalecem-se, como prática rotineira, a escuta ativa, o questionamento sistemático, a conexão e colaboração entre ideias e pontos de vista.

Julia Pinheiro Andrade
Doutoranda em Psicologia da Educação, fundadora da Ativa Educação
Faculdade de Educação, USP

JULHO/AGOSTO 2025 | nº2 | Baseado no Projeto Zero, de Harvard, livro oferece ferramentas inéditas ao planejamento docente

Em um mundo onde o pensamento crítico e a colaboração são cada vez mais essenciais, chega em boa hora a edição brasileira do livro “O poder de tornar o pensamento visível: práticas para engajar todos os estudantes”, de Mark Church e Ron Ritchhart (Editora Penso). A obra é fruto do “Projeto Zero”, da Faculdade de Educação de Harvard, que há quase 60 anos investiga como o ensino pode promover engajamento e compreensão para uma aprendizagem profunda. Expandindo descobertas das pesquisas anteriores, o livro apresenta novas evidências do impacto dessa abordagem em escolas ao redor do mundo e oferece ferramentas inéditas ao planejamento docente.

A premissa central da publicação é simples, mas poderosa: aprender é resultado do pensamento, não o contrário. Assim, muito além de transmitir conhecimento e coordenar instruções, o bom professor cria condições para que estudantes desenvolvam tanto habilidades cognitivas, quanto sensibilidade e motivação para pensar, colaborar e autoconhecer-se — desafios urgentes no mundo hiperdigital.

Em um mundo onde o pensamento crítico e a colaboração são cada vez mais essenciais, chega em boa hora a edição brasileira do livro “O poder de tornar o pensamento visível: práticas para engajar todos os estudantes”, de Mark Church e Ron Ritchhart (Editora Penso). A obra é fruto do “Projeto Zero”, da Faculdade de Educação de Harvard, que há quase 60 anos investiga como o ensino pode promover engajamento e compreensão para uma aprendizagem profunda. Expandindo descobertas das pesquisas anteriores, o livro apresenta novas evidências do impacto dessa abordagem em escolas ao redor do mundo e oferece ferramentas inéditas ao planejamento docente.

A premissa central da publicação é simples, mas poderosa: aprender é resultado do pensamento, não o contrário.

Assim, muito além de transmitir conhecimento e coordenar instruções, o bom professor cria condições para que estudantes desenvolvam tanto habilidades cognitivas, quanto sensibilidade e motivação para pensar, colaborar e autoconhecer-se — desafios urgentes no mundo hiperdigital.

Os pensamentos visíveis do título são todas as formas de ideias, reflexões e questionamentos que temos, que podem ser pensamentos associativos e emocionais, tidos como mais intuitivos, ou os chamados metacognitivos e estratégicos, principais objetos do Projeto Zero. Estes envolvem estratégias para observar em profundidade, analisar e interpretar a si mesmo e o mundo e criar disposição para resolver problemas e criar coisas.

O livro explora os diferentes tipos de pensamento, apresenta princípios pedagógicos e cita os efeitos observados em sala de aula a partir dessa abordagem. Ademais, introduz novas ferramentas, como o “Mapa da Compreensão”, um modelo visual que consolida um vocabulário visível do pensar: observar atentamente, formular perguntas, estabelecer conexões, considerar diferentes perspectivas, criar explicações, raciocinar com base em evidências e elaborar sínteses e conclusões.

Na segunda parte, o livro apresenta rotinas para interagir com outras pessoas, com ideias e ações. Cada uma das Rotinas de Pensamento Visível é vinculada ao “Mapa da Compreensão” e ilustrada com relatos de professores, facilitando sua transposição a diferentes contextos de ensino.

Já a última parte discute o planejamento para o pensar visível e a organização de unidades de prática docente, trazendo exemplos concretos de implementação. Os docentes aprendem a ter clareza e intenção de como instigar, documentar e aprofundar processos de pensamento.

Pensamento coletivo

Tradicionalmente, redes, escolas e professores avaliam a aprendizagem dos estudantes com base em produtos — redações, provas, apresentações. No entanto, os fatores que levam a esses resultados — acaso, cola, facilidade ou dificuldade no aprendizado — frequentemente permanecem ocultos.

Com a abordagem inovadora do Projeto Zero, as rotinas de pensamento tornam visíveis cada etapa do processo cognitivo, permitindo acompanhar, em tempo real, como estudantes conectam, constroem e sistematizam ideias e ações — conexões antes restritas ao seu mundo interno.

Nas salas de aula que constroem essa cultura visível de pensamento coletivo, fortalecem-se, como prática rotineira, a escuta ativa, o questionamento sistemático, a conexão e colaboração entre ideias e pontos de vista, a documentação da aprendizagem e a metacognição — individual e coletiva.

Nas salas de aula que constroem essa cultura visível de pensamento coletivo, fortalecem-se, como prática rotineira, a escuta ativa, o questionamento sistemático, a conexão e colaboração entre ideias e pontos de vista, a documentação da aprendizagem e a metacognição — individual e coletiva.

Tornar o pensamento visível mostra-se, então, ao mesmo tempo, como meta pedagógica e processo metodológico que alinha ensino, currículo e avaliação formativa, promovendo uma aprendizagem profunda, com compreensão e autorregulação para todos os estudantes. A leitura é um convite irrecusável do Projeto Zero para todo educador e pesquisador em educação.

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